Malu já nem acreditava mais em sua própria existência para o bem. Achava que não iria servir para nada, que não nascera para nada além de fazer seus pais se separarem. Apenas queria sair de casa para esfriar a cabeça. Então Malu, que ainda estava dentro do condomínio aonde morava, simplesmente puxou a alavanca da porta do carro de sua mãe, abriu-a, correu para sua casa, pegou sua bicicleta e saiu pedalando, sua mãe, atônita com a decisão repentina de Malu. Esta, pensava:
"Antes eu até pensaria na opção de ficar com a minha mãe no carro, porque ela sempre se dava abraços antes de eu entrar nos portões da escola, mas agora, eu tenho um rádio, que eu achei dentro de uma das gavetas de lá de casa e que mamãe me deixou pegar. Ele vai me distrair.".
E, pensando nisso,ligou o velho rádio empoeirado e de antenas tortas e posicionou-as no lugar correto. E assim Malu foi para a escola.
Depois da aula, Malu chegou em casa e foi subindo as escadas quando lembrou-se de algo. Desceu os degraus que já havia subido e, entrando no escritório antigo de seu pai, apanhou uma caderneta dele, que a deixava usar apenas do seu lado no escritório. "Apenas para você não escrever bobagens, querida.". Assim dizia ele,mas Malu nunca conseguia escrever depois disso, porque seu pai a pegava no alto e a girava até ela ficar zonza. Depois ele ligava o computador e mostrava para ela diversas imagens de cães, gatos, cavalos e até mesmo desenhos incrivelmente detalhados, com assinatura e tudo. Malu copiava tudo, porque ela desenhava muito bem. Ela copiava direitinho os desenhos assinados e bem desenhados. Tudo estava lá, desenhado, e ela só tinha que fazer as retas certas.
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