domingo, 30 de setembro de 2012

Contos urbanos: A pastora e o filho da duquesa

Havia, há muito tempo, uma pastora jovem e bela, que pastoreava suas ovelhas todo santo dia, procurando dinheiro para sobreviver. A lã de seus animais era escassa, e ela estava sozinha; Ainda não encontrara um marido.
Pois um certo dia a pastora, depois de tosquiar suas ovelhas e perceber que sua lã era muita, foi à casa do duque negociar um pouco da lã, um casaco ou talvez um cobertor quentinho. Quanto poderia fazer com aquela lã! Se arrumou e vestiu seu mais belo vestido, sem nenhuma flor ou estampa, mas limpo e bonito.
-Oh! - começou a duquesa a desdenhar, depois de ver a pastora subindo as escadas. Abriu a porta na cara dela e desdenhou: - Empregados entram pela porta dos fundos!
A pastorinha nem ligou para a maldade na voz da duquesa. Deu meia volta e se dirigiu, com seu fiel cãozinho atrás, carregando toda a lã, e entrou pelos fundos da imensa mansão. O duque a atendeu amistosamente: -Senhorita pastorinha! Há quanto tempo não lhe vejo! É muita lã o que vejo aí nas costas de seu cão, e estava precisando de uma bela manta para colocar em minha cama no inverno. Será que poderias fazê-la para mim?
-Mas é claro, senhor duque! -dirigiu-se ela polidamente ao homem. Era alguém importante na cidade, então merecia respeito. Já a duquesa, muito mal educada, não merecia respeito algum, e desdenhava da pobre moça, jogada no sofá: - Mas é muito atrevimento da senhorita vir até aqui negociar comigo e com meu marido sobre a lã que suas imundas ovelhas produzem! Pobretã nojenta... Não merecias nem vir até aqui! Merecias... - mas um súbito e rápido gesto do duque a fez calar, e ela se aprumou no sofá de veludo.
A pastora fez uma reverência e deu meia volta, dirigindo-se para a rua. Viu, de repente, uma cabeça surgir de uma grande janela no palácio do duque. Tinha cabelos loiros e finos, dourados. O filho do duque! Era lindo. A moça abriu a boca, ainda bem, num sorriso, de tanta admiração. O moço desceu a fim de lhe fazer companhia na caminhada de volta para sua choupana. Dizia: - Tu és linda, moça pastorinha! Será que a senhorita gostaria de uma rosa? - e, dizendo isto, virou-se e deu-lhe uma belíssima flor, que prendeu em seus cachos compridos.
A camponesa, alegre, aceitou a proposta que o moço lhe fez após isto: - Será que tão bela moça gostaria de me acompanhar num restaurante hoje á noite?

E, quando chegou, a pastorinha fez bocas abrirem no restaurante inteiro, estava linda! Vestia um belíssimo vestido vermelho-sangue, e seus cachos se estendiam até as costas. O filho do duque também abriu a boca. Perguntas de "é uma princesa da América do Norte, do exterior, senhor duque?, é sua namorada?, é a irma da duquesa sua mae?" E o duque sempre respondia que manteria a identidade da pastorinha em silêncio, já que sabia que a mae perguntaria em todos os arredores da aldeia se haviam visto seu filho com alguém e quem era. E a duquesa nao gostaria de saber que o filho estava apaixonado por uma pastora pobre.
Mas a verdade era que, depois daquela noite maravilhosa, o filho do duque se encontrava cada vez mais son a janela do quarto da pastorinha, fazendo serenatas de meia noite, balançando os dedos no violao cheio de amor. E, um belo dia, enquanto jantavam a luz de velas e ao ar livre, o nobre pegou a mao da jovem pobre, ajoelhou-se no chao e disse, alta e claramente: - Será que a senhorita gostaria de se casar comigo?
-Meu amor, mas é claro que sim! - disse a mulher, em resposta. - Mas e a sua mae? Tenho certeza de que ela nao gostará de saber de que se casará comigo.
-Ora - começou o filho do duque. - Fugiremos de barca no dia do casamento, cruzaremos o oceano até chegarmos a uma ilhota pertencente a meu pai, sem dizer para minha mae. Toda a aldeia irá conosco para a ilha, e meu pai, também. Minha mae irá para a Europa visitar alguns parentes e passará uma semana lá. Teremos tempo suficiente para irmos a nossa Lua de Mel.
A pastorinha abraçou-o, e ambos choraram de emoçao. Tudo correu como esperado, e a cerimônia foi linda! A mulher usava um maravilhoso vestido de renda branca, e as ovelhas dela acompanharam os cavalos brancos a puxar a carruagem depois do casório. E, assim, o filho do duque e a pastorinha foram para sua Lua de Mel em Paris e voltaram para onde viviam, assim virando duque e duquesa do local.
E, já que é tradicional em contos de fadas, viveram felizes para sempre.

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